terça-feira, 10 de novembro de 2009

Novembro Negro!

Identidade

A identidade é entendida como algo não inato. Dessa maneira, é vista como algo que sofre modificações e influências não só culturais, como econômicas, políticas e sociais de acordo com as relações estabelecidas, inicialmente na família e depois a partir das outras relações que o sujeito estabelece.
Vista de uma forma mais ampla e genérica, a identidade é invocada "quando um grupo reinvindica uma maior visibilidade social face ao apagamento a que foi, historicamente, submetido." (NOVAES, 1993:25)
Ainda segundo Novaes (1993), esse processo pode ser notado quando nos referimos aos negros, aos índios, as mulheres, entre outros socialmente segregados.

Identidade Negra


A construção de uma identidade negra, supõe ao reconhecimento enquanto sujeitos pertencentes a um mesmo grupo étnico racial.
Mas, a construção de uma identidade negra em uma sociedade culturalmente racista e discriminatória que inferioriza e exclui histórico, social e culturalmente as(os) negras(os) é um desafio para esses indivíduos e para os educadores comprometidos com o respeito a diversidade cultural.
Segundo Munanga (1994), a construção de uma identidade negra no Brasil, no seu sentido político, é entendida como uma tomada de consciência de um segmento étnico-racial excluído da participação na sociedade, para a qual contribui economicamente, com trabalho gratuito como escravo, e também culturalmente, em todos os tempos na história do Brasil.
Ainda no seu sentido político, durante os anos de 1960, os negros que trabalhavam ativamente para criticar, desafiar e alterar o racismo branco, sinalavam a obsessão dos negros com o cabelo liso como um reflexo da mentalidade colonizada. Foi nesse momento em que os penteados afros, principalmente o black, entraram na moda como um símbolo de resistência cultural à opressão racista e fora considerado uma celebração da condição de negro(a).


Os penteados naturais eram associados à militância política. Muitos(as) jovens negros(as), quando pararam de alisar o cabelo, perceberam o valor político atribuído ao cabelo alisado como sinal de reverência e conformidade frente às expectativas da sociedade.
Entretanto, quando as lutas de libertação negra não conduziram à mudança revolucionária na sociedade, não se deu mais tanta atenção à relação política entre a aparência e a cumplicidade com o segregacionismo branco, e aqueles que outrora ostentavam os seus blacks começaram a alisar o cabelo. *Para ler mais: http://historiaemprojetos.blogspot.com/2009/05/alisando-nossos-cabelos.html
O poder da mídia, nesse sentido, quando estabelece um padrão de beleza onde valoriza pessoas brancas, com traços finos e cabelos lisos acaba por descaracterizar e negar os(as) indivíduos(as) negros(as), contribuindo para o que denominamos de embranquecimento cultural, onde os mesmos alisam os seus cabelos, afinam seu nariz, silenciam-se diante do preconceito e discriminação e inventam várias denominações como: moreno claro, moreno escuro, moreno cor-de-jambo na tentativa de parecer com o(a) sujeito(a) branco(a), negando a si próprio, sua cultura.
Esse mês de novembro, mas precisamente dia 20, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra marcado pela data da morte de Zumbi dos Palmares e nessa data comemorativa é que as instituições de ensino lembram de retratar sobre a cultura negra. Porém, de maneira equivocada o enfoque torna-se mais comemorativo do que questionador. Levar rodas de capoeira às escolas, conhecer sobre a história de Zumbi dos Palmares, falar sobre a escravidão ou planejar uma festa com a temática que vise o reconhecimento e valorização da cultura negra não deve ser algo trabalhado apenas em datas comemorativas, uma ou duas vezes ao ano, mas deve acompanhar todo o currículo e planejamento escolar.
Dessa forma, a escola estará dando sua real contribuição na construção de uma identidade negra positiva.

2 comentários:

Unknown disse...

Desde que os próprios negros deixaram de lutar pela identidade que lhes é de direito, passaram a considerar o racismo como uma coisa natural, que não vai acabar um dia, perderam a vontade de lutar, e tentam de alguma forma se camuflar, logo eles(os negros)que eram uma das formas mais fortes de protestos no nosso país desde os tempos do Brasil colonial. A escola tem que ajudar sempre na formação de identidades anti-racistas, para que tenhamos um país mais igual em direitos e deveres, é o mínimo que determina a nossa legislação. Parabéns pelo post Jaciede, perfeito.!

Jaja disse...
Este comentário foi removido pelo autor.