sábado, 28 de maio de 2011

ABDIAS DO NASCIMENTO!

Na terça feira, dia 24/05/11, morreu aos 97 anos o dramaturgo, artista plástico, poeta, escritor e militante político ABDIAS DO NASCIMENTO. Eu não poderia deixar de prestar uma singela homenagem a uma das maiores personalidades negras da história mundial.

Quilombo, jornal fundado por Abdias do Nascimento.
O jornal de Abdias deu uma contribuição valiosa para a conquista da auto-estima e da cidadanias negras.

Ele estava entre os fundadores da Frente Negra Brasileira e criou, em 1945, o Teatro Experimental do Negro (TEN). Segundo o próprio Abdias, o TEN surgiu para contestar a dliscriminação racial, formar atores e dramaturgos afro-brasileiros, além de promover as tradições culturais negras, quase sempre relegadas ao ridículo na sociedade brasileira.
A atuação do TEN foi fundamental na organização da Convenção Nacional do Negro Brasileiro, em maio de 1949, e do I Congresso do Negro Brasileiro, em 1950. Uma das questões discutidas pelo TEN foi a introjeção do racismo pela população negra, expressa na aceitação do ideal de embranquecimento e na supervalorização dos padrões estéticos brancos.
Entre os assuntos de interesse do TEN estavam as artes cênicas, a poesia, a música negras e, principalmente, as tradições religiosas de matriz africana, incluindo o candomblé. Ele queria dar uma leitura a partir do olhar do próprio negro e da herança africana à cultura produzida pelo negro no Brasil, distanciando-se da forma ocidental de entender e ver a cultura negra.

"Todos estavam acostumados a colocar que o Teatro nasceu na Grécia, mas mil anos antes já havia textos dramáticos no Egito Negro. Precisávamos, então, criar personagens baseados na mitologia africana porque foi à partir da África que essa cultura se expandiu e foi copiada pelos negros. a raça negra tem mitologia e filosofias bem fundamentadas e isso era o que queríamos mostrar." (Abdias do Nascimento)

"Teriamos de agir urgentemente em duas frentes: promover, de um lado, a denúncia dos equívocos e da alienação dos chamados estudos afro-brasileiros, e fazer com que o próprio negro tomasse consciência da situação objetiva em que se achava inserido. Tarefa difícil, quase sobre-humana, se não esquecermos a escravidão espiritual, cultural, socioeconômica e política em que foi mantida antes e depois de 1988, quando teoricamente se libertará da servidão. A um só tempo o TEN alfabatizava seus primeiros participantes, recrutados entre operários, empregados domésticos, favelados sem profissão definida, modestos funcionários públicos - e - oferecia-lhes uma nova atitude, um critério próprio que os habilitava também a ver, enxergar o espaço que ocupava o grupo afro-brasileiro no contexto nacional." (Abdias do Nascimento)

Devido à perseguição política, em 1968 Nascimento parte para um exílio que dura treze anos. Com a dissolução do TEN, deixa de atuar e dirigir no teatro, e sua militância ganha outras direções. Fora do Brasil, atua como conferencista e professor universitário, publica uma série de livros denunciando a discriminação racial e dedica-se à pintura e pesquisa visualidades relacionadas à cultura religiosa afro-brasileira. Na volta ao país, investe na carreira política, assume cargo de deputado federal e senador da república pelo PDT, sempre reivindicando um lugar para a cultura negra na sociedade.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desabafo!!!

Audiência no Supremo Tribunal Federal sobre o cenário atual da educação no Rio Grande do Norte. (Desabafo da Professora Amanda Gurgel)

A fala da professora soa como um desabafo de milhares de educadoras(es) em todo o Brasil. Não é à toa que quando me deparo com meus antigos professores nas escolas em que hoje frequento para lecionar, escuto o discurso angustiante e triste de uma classe que se desdobra em incansáveis três jornadas diárias de trabalho para poder sustentar seus filhos e ter uma vida digna! É vergonhoso ver a falta de respeito com que os políticos tratam a educação pública e os(as) educadores(as) desse país!


O Sistema racista e eurocêntrico continua fazendo vítimas!..

Clareamento da pele é problema na Jamaica!

DAVID MCFADDEN
Agência Estado, Kingston

Mikeisha Simpson cobre seu corpo com um gorduroso creme branco e veste um agasalho de corrida para evitar o sol da sua Jamaica natal, mas ela não está preocupada com o câncer de pele. A moradora de 23 anos de um gueto de Kingston espera transformar sua pele escura no tom café com leite,comum entre a elite jamaicana e preferida por muitos homens da vizinhança. Ela acredita que uma pele mais clara pode ter o passaporte para uma vida melhor. Então, ela gasta suas escassas economias em misturas baratas vendidas no mercado negro que prometem reduzir a pigmentação.
Simpson e suas amigas desdenham das campanhas públicas de saúde e dos sucessos de reggae que condenam a prática. Eu ouço as pessoas que dizem que o clareamento é ruim, mas não vou deixar de fazer. Não vou parar porque eu gosto e eu sei como fazer de uma forma segura”, disse Simpson, com sua filha pequena no colo.
Pessoas em todo o mundo costumam tentar alterar a cor de suas peles usando máquinas de bronzeamento artificial para escurecer ou produtos químicos para clarear. Nas favelas da Jamaica, médicos dizem que o fenômeno do clareamento da pele atingiu proporções perigosas. ‘Eu conheci uma mulher que começou a clarear a pele de seu bebê. Ela ficou muito irritada quando eu disse a ela para parar aquilo imediatamente e ela foi embora. Eu costumo me perguntar o que aconteceu com aquele bebê”, disse o dermatologista jamaicano Neil Persadsingh. A maioria dos jamaicanos clareia a pele com cremes sem prescrição, muitos deles cópias piratas importadas da África Ocidental. O uso por tempo prolongado de um dos ingredientes desses cremes, a hidroquinona (ou quinol) é ligado a uma disfunção chamada de ocronose, que causa manchas escuras ná pele. Médicos dizem que o abuso de loções de clareamento também deixou uma teia de estrias nos rostos de alguns jamaicanos.

Venda proibida!!!

No Japão, União Européia e Austrália, a hidroquinona foi proibida em produtos para a pele vendidos sem receita e substituida por outros produtos químicos, em razão de temores sobre seus riscos. Nos Estados Unidos, cremes vendidos sem receita são considerados seguros e eficazes pela agência de Alimentos e Drogas (FDA, pela sigla em inglês) quando contém até’ 2% de hidroquinona.
Uma proposta da FDA em 2006 para proibir o componente não foi adiante. Cremes de clareamento não são efetivamente regulados na Jamaica, onde até mesmo vendedores em estradas vendem tubos e sacos plásticos de pós e pomadas em caixas de papelão colocadas ao longo de calçadas em bairros comerciais. “A maioria desses tubos não têm rótulo e não trazem os ingredientes que compõem seu conteúdo”, disse o doutor Richard Desnoes, presidente da Associação Dermatológica da Jamaica. Pessoas que pegam mais “pesado” usam pomadas ilegais, contrabandeadas para o país caribenho, que contém elementos tóxicos como mercúrio, um metal que bloqueia a produção de melanina, que dá a côr à pele. Pessoas mais pobres recorrem a misturas feitas em casa com pasta de dente ou cutry, que podem deixar a pele manchada de amarelo. O Ministério da Saúde da Jamaica não tem dados sobre os danos causados por agentes clareadores, embora dermatologistas e outros funcionários da área da saúde digam que têm visto mais casos. Eva Lewis-Fuller, diretora do ministério para promoção e proteção à saúde, está redobrando os programas educativos para combater o clareamento neste país de pele predominantemente negra de 2,8 milhões de pessoas, onde as de pele clara predominam nos comerciais.

 Opinião...

Por aqui a coisa não é diferente, e ainda tem gente que fala assim: " Como acabar com o racismo se os próprios pretos querem ficar brancos?!"
Realmente, ignorância gera ignorância!!!
Todos nós pretendemos nos igualar a esse padrão de beleza branco-europeu que o sistema racisto e eurocêntrico nos impõe, sem dúvidas é necessário programas educativos para combater o clareamento e alertar a população sobre os danos causados pelo uso desses medicamentos, mas, mais do que isso é primordial promover a valorização da identidade negra e fomentar o debate sobre esse sistema racista e eurocêntrico no qual estamos sujeitos e sendo cada vez mais vitimizados!  

Jaciede Rodrigues Silva.